quinta-feira, 12 de julho de 2012

Manias comprometedoras


Tenho o estranho costume de observar os motoristas dos carros ao lado, quando o trânsito está parado. A inquietude é quase geral, mas incrível mesmo é o fato de as pessoas não se lembrarem de que podem estar sendo observadas quando estão em seus carros nos engarrafamentos. Eu mesma estou com a agenda cheia de tanto show que tenho realizado no meu carro. O playback rola solto, e videoclipes, já tenho vários gravados! Vez ou outra alguns passageiros de outros veículos ficam meio chocados com as performances. E quando me dou conta que estou sendo observada caio na gargalhada.

Mas isso não é nada perto do que eu constatei hoje: ainda há pouco passei uma hora no trânsito voltando para casa e descobri que colocar o dedo no nariz é quase um fenômeno em massa. E é contagioso! É só um começar que se dá início a um efeito dominó de cutucadas nasais. E quanto mais parado o trânsito pior. Será que o tédio tem algo a ver com a vontade de colocar dedos em orifícios corporais? E os orifícios não param nas narinas! Algumas pessoas são mais ousadas e ainda se atrevem a saborear o produto interno bruto...

Fiquei imaginando se houvesse uma infração de trânsito por colocar o dedo no nariz, já que imaginar situações absurdas também é um costume esquisito que tenho. Bem, teoricamente você não pode dirigir com distrações e brincar com bolinha de meleca poderia muito bem se enquadrar nessa categoria. As pessoas seriam paradas nas blitz, e receberiam multas por serem flagradas com a boca na botija (ou seria o dedo?), tentando se explicar: “mas seu guarda, por favor, essa era enorme, eu mal estava conseguindo respirar!”. Mas o guarda diria que não é ele quem faz as leis. Então o motorista teria que entrar com recursos, alegando não poder dirigir com déficit de oxigênio no cérebro. E haveria uma perícia especializada em determinar se o diâmetro da catota poderia ou não causar uma obstrução das vias aéreas do cidadão.

Até que o sinal abriu e simplesmente aumentei o volume do meu som, e segui cantando, discretamente, por via das dúvidas. E decidi parar com essa mania de olhar pros lados antes que isso ou algo mais bizarro me contagiasse e pudesse me comprometer também.

2 comentários:

  1. Adorei o texto, muito bem escrito e bem humorado pra retratar a realidade nua e crua do trânsito, uma verdade incontestável!!! Morri de rir...

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