Minha emoção vem em doses.
Uma dose de emoção, por favor?
Aproveite sua viagem no parque de diversões, senhorita! Diz
o bilheteiro.
Não quero ir embora, mas os portões estão fechando. Preciso
ir. Mas tudo bem, porque a emoção ainda está aqui, os efeitos dela permanecem.
Quase não percebo que dos portões pra fora é um caminho sem volta. Acabo indo.
Não tenho escolha.
No dia seguinte, acordo. Um sabor cítrico e levemente
etílico ainda me inebria. Lembro-me da montanha russa. Roda gigante. Lá em cima.
Sem pensar no futuro. Mas então me lembro de que isso já aconteceu. Foi ontem,
e já é hora de olhar para frente.
E com o tempo a meia vida da emoção acaba. Excreção renal da
emoção. Dosagem sanguínea de emoção indetectável.
Começam os sintomas de abstinência, quero outra dose. Mas o
parque fechou. Não é temporada de parque na cidade.
Vem alguém e pergunta: quer infusão contínua de emoção altamente diluída em gotejamento lento?
Não, obrigada. Outra dose. E agora me vê dupla.
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