Às vezes sinto que o amor é um prolongamento de mim.
Um excesso, que tenta se emancipar, e para isso necessita apenas de um destino. Ele quer sair, mas vai para onde? Sem destino, ele fica apenas transbordando em agonia. Tudo que o amor quer é uma direção, um endereço acolhedor.
Mas um amor sem destino não é, por natureza, amor.
Um amor sem destino é uma falta. Sempre à espera de ser plena. É o próprio endereço, ao qual poderia ser destinado um outro excesso, que toma e envolve um outro em também agonia.
Mas o amor, por natureza, também não é sobra. O que sobra é o que não se precisa mais. O que não se precisa mais, escapa. Sai pela tangente. Rápido e indolor.
O amor é um excesso que faz falta.
A falta não é o amor, nem tampouco o excesso o é.
Mas só há amor onde há falta, e vontade de exceder.