quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Amor

Será o amor o que me excede ou minha própria falta?
Às vezes sinto que o amor é um prolongamento de mim.
Um excesso, que tenta se emancipar, e para isso necessita apenas de um destino. Ele quer sair, mas vai para onde? Sem destino, ele fica apenas transbordando em agonia. Tudo que o amor quer é uma direção, um endereço acolhedor.
Mas um amor sem destino não é, por natureza, amor.
Um amor sem destino é uma falta. Sempre à espera de ser plena. É o próprio endereço, ao qual poderia ser destinado um outro excesso, que toma e envolve um outro em também agonia.
Mas o amor, por natureza, também não é sobra. O que sobra é o que não se precisa mais. O que não se precisa mais, escapa. Sai pela tangente. Rápido e indolor.
O amor é um excesso que faz falta.
A falta não é o amor, nem tampouco o excesso o é.
Mas só há amor onde há falta, e vontade de exceder.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Labirinto

Existe um labirinto de palavras entre mim e você.
Ao tentar desvendá-lo, piso em falso, tropeço nas palavras, me estrepo no chão.
Tento te alcançar mas as palavras não deixam. Elas me confundem.
Fico com raiva, paro, sofro, teimo, choro, sangro.
Tento voltar, mas não sei mais qual é o caminho de volta.
Acabo colocando mais palavras no caminho.
Já não sei mais que palavras estão entre nós, as minhas ou as suas.
E nessa bagunça, sigo vagando te procurando.
Tentando me encontrar.