A partir do momento que você
aceita uma coisa, entender deixa de ser prioridade. Nesse mundo onde o normal é
ser egoísta, entender as pessoas chega a ser um ato de bondade. E eu sempre
tento entender e até defender quem me faz mal, mas isso é muito exaustivo. Às vezes
eu queria ser uma daquelas pessoas que não estão muito preocupadas com o que as
pessoas pensam, e que a vontade e os desejos delas sempre sobressaem. Mas eu
estou preocupada demais com todo mundo, e não porque me sinto insegura, na
verdade estou preocupada com a insegurança das pessoas, e seus motivos para
agirem como agem.
Sempre achei que a partir do
momento que você entende o porquê de alguém agir de determinada forma, você fica
mais tranquilo em relação a isso. Mas isso pode se tornar uma tarefa em que
você está testando muito mais a sua própria tolerância do que realmente
entendendo os outros. E chega uma hora que entender ou não, não muda os fatos, e
não muda em nada o resultado final. Então, como diria a minha avó, o que não
tem remédio, remediado está. É difícil aceitar. Mas é libertador.
Acho que a coisa mais difícil de
se libertar é de sentimentos. Nós criamos tanto apego a um sentimento por
alguém, por exemplo, que muitas vezes surgem até dúvidas se gostamos
verdadeiramente ou não dessa pessoa, mas não queremos deixar de gostar, e
acabamos por alimentar ainda mais uma coisa que talvez devêssemos aproveitar para
cair fora. E devido a esse apego eu sempre tento ver a situação pelo lado de
fora (como se isso fosse possível) e acabo ficando triste. Porque o que me
deixa mais triste das minhas histórias tristes, não é minha tristeza em si. Eu supero
bem essas coisas. Aliás, sou capaz de aguentar tanta coisa que ninguém imagina.
Talvez eu passe uma imagem de frágil, mas isso é mesmo um engano. O que me
deixa triste de verdade é a dó que eu tenho dos meus sentimentos. Eu acho que
eu tenho desperdiçado sentimentos nobres, de entrega e cuidado, com pessoas que
os desvirtuam completamente. E isso é muito triste. E é muito triste aceitar
que tem pessoas que não merecem nossa devoção. E não porque não merecem devoção
alguma (lá vou eu tentar justificar essas pessoas novamente), mas porque não se
sentem honradas por isso. Porque para elas, tanto faz. E aí eu meio que isolo o
sentimento da história, e fico pensando: como pode alguém não dar valor a isso?
Acontece que não é só o mundo que
está dando voltas. Nós estamos girando, e girando e girando sem perceber. E quando
vemos, estamos repetindo as mesmas coisas de sempre, e a mesma história
acontece várias e várias vezes. É muito difícil tomar algo por definitivo nessa
vida. E é por isso que nos importamos com muita coisa sem necessidade, e nos
apegamos a coisas que não nos fazem bem. Mas como diz Caetano Veloso, “o
tempo é compositor de destinos”. E o tempo se encarrega de fechar ciclos. É só
esperar e aceitar. Então podem acontecer coisas no nosso caminho que a princípio nos
arrependemos, mas aí nos lembramos de que não tem como se arrepender de uma coisa que
foi determinante para fechar algum ciclo na sua história. Devemos aceitar que há coisas que fogem ao nosso controle. São
responsabilidades do tempo.