Passa trem,
Passa a tarde,
Passa o tempo,
Passa eu.
Passa avião,
Passa nuvem,
Passa a hora,
Passa eu.
Passa a página,
Passa o dia,
Passa a vida,
Passa eu.
Passa até estrela cadente,
só não passa a vontade
de passar novamente.
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Amor
Será o amor o que me excede ou minha própria falta?
Às vezes sinto que o amor é um prolongamento de mim.
Um excesso, que tenta se emancipar, e para isso necessita apenas de um destino. Ele quer sair, mas vai para onde? Sem destino, ele fica apenas transbordando em agonia. Tudo que o amor quer é uma direção, um endereço acolhedor.
Mas um amor sem destino não é, por natureza, amor.
Um amor sem destino é uma falta. Sempre à espera de ser plena. É o próprio endereço, ao qual poderia ser destinado um outro excesso, que toma e envolve um outro em também agonia.
Mas o amor, por natureza, também não é sobra. O que sobra é o que não se precisa mais. O que não se precisa mais, escapa. Sai pela tangente. Rápido e indolor.
O amor é um excesso que faz falta.
A falta não é o amor, nem tampouco o excesso o é.
Mas só há amor onde há falta, e vontade de exceder.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Labirinto
Existe um labirinto de palavras entre mim e você.
Ao tentar desvendá-lo, piso em falso, tropeço nas palavras, me estrepo no chão.
Tento te alcançar mas as palavras não deixam. Elas me confundem.
Fico com raiva, paro, sofro, teimo, choro, sangro.
Tento voltar, mas não sei mais qual é o caminho de volta.
Acabo colocando mais palavras no caminho.
Já não sei mais que palavras estão entre nós, as minhas ou as suas.
E nessa bagunça, sigo vagando te procurando.
Tentando me encontrar.
Ao tentar desvendá-lo, piso em falso, tropeço nas palavras, me estrepo no chão.
Tento te alcançar mas as palavras não deixam. Elas me confundem.
Fico com raiva, paro, sofro, teimo, choro, sangro.
Tento voltar, mas não sei mais qual é o caminho de volta.
Acabo colocando mais palavras no caminho.
Já não sei mais que palavras estão entre nós, as minhas ou as suas.
E nessa bagunça, sigo vagando te procurando.
Tentando me encontrar.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Muito
Queria comer, muito
Queria comer muito
Queria muito comer
Queria muito comer muito
Queria muito comer muito. Muito...
domingo, 4 de agosto de 2013
Coisa linda
Você era a coisa mais linda que eu tinha
e
mesmo assim deixei você ir
Você era a coisa mais linda,
mas eu
não tinha
quem me tinha era você.
Você foi a coisa mais linda...
Você foi, coisa mais linda
e eu fiquei olhando você ir.
Pois quem tem, se decide
Quem não tem se despede
Você...
Cadê você?
Hoje eu tenho tanta coisa...
Mas você era a coisa mais linda que eu tinha.
terça-feira, 25 de junho de 2013
Sonho lúcido
Eu não te amo. Apenas tenho um receptor no meu cérebro para algo que só existe em você.
Isso não é amor. É apenas uma coincidência neurológica.
O receptor estava lá e esse algo em você o ativou.
Eu não penso em você. São apenas algumas sinapses.
Eu não me lembro de você. O que eu me lembro é de ter sonhado com você.
Pois tudo não passou de um sonho lúcido do que seria um encaixe perfeito.
Mais nada.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Carapuça
Obrigada a você, que não me aguenta
assim me alimento da sua encrenca
Se queres usar essa vestimenta
Fique a vontade...
Pois onde você enxerga um problema
que felicidade!
Eu faço um poema.
assim me alimento da sua encrenca
Se queres usar essa vestimenta
Fique a vontade...
Pois onde você enxerga um problema
que felicidade!
Eu faço um poema.
sábado, 15 de junho de 2013
Cronos
O relógio atropela
todos os dias
o tempo da mente.
O tempo não volta,
o tempo dá voltas...
Tolo é quem não se dá conta que gira também
em torno da terra,
em torno do sol,
em torno do relógio,
em torno de si.
Tolo é quem acha que tempo vivido é tempo passado
e fica com o tempo subjetivo congelado.
Repetindo, repetindo, repetindo...
Os ponteiros insistem: escola, vestibular, carro, faculdade, casamento, filhos, netos...
...mas o sujeito permanece parado,
foi atropelado.
terça-feira, 11 de junho de 2013
Freud explica
Há muito me indaga
a sua linguagem
quando eu precisava
de uma carona
você, prontamente
me questiona:
"Quer ir comigo?
tem lugar lá em casa."
Mas rapidamente
corrige o tropeço
"digo, no carro."
Até hoje me indago
fizeste um convite,
ou um ato falho?
a sua linguagem
quando eu precisava
de uma carona
você, prontamente
me questiona:
"Quer ir comigo?
tem lugar lá em casa."
Mas rapidamente
corrige o tropeço
"digo, no carro."
Até hoje me indago
fizeste um convite,
ou um ato falho?
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Gordices, dietas e tudo o mais
Hoje eu resolvi fazer algo de
diferente.
Resolvi ficar na minha casa, na
minha piscina, tomando meus bons drink, e dividindo com vocês esses momentos
meus...
...é... só que não.
Há meses tento escrever alguma
coisa sobre comida. Mas sempre que eu penso em comida eu vou até a cozinha.
Aliás, vou ali e já volto...
...
Isso me faz pensar que eu nunca
compraria um frigobar pro meu quarto, porque parte da graça de comer é parar o
que se está fazendo, levantar, ficar meia hora olhando pra geladeira e depois
voltar. E enquanto eu tento escrever esse texto eu já levantei três vezes. Às
vezes eu penso que sou hiperativa, mas depois me lembro de que não existem
hiperativas gordinhas...
Bem, brincadeiras à parte, eu não
levantei nenhuma vez pra comer, e nem acho que sou hiperativa, e existem sim
hiperativas gordinhas. Mas voltando ao assunto, hoje eu queria falar sobre
dieta, sobre essa dificuldade em fazer dieta, comer bem, emagrecer, e tudo o
mais.
A minha vida inteira eu fiz
dieta. E a minha vida inteira eu fiz gordice. Minha vida sempre foi um ciclo
sem fim de dois extremos: quando eu estou completamente bitolada com as
calorias e uma alimentação mais saudável, e quando eu absolutamente não estou
me importando com nada disso. Também há aquelas épocas que eu tento me
controlar para que eu emagreça bem muito e tenha crédito para poder comer o que
eu quiser e o quanto eu quiser. Isso porque eu simplesmente desconheço um
prazer que supere o de comer. Não é um mero abastecimento nutricional. É o
primeiro prazer na vida de cada um de nós: matar a fome. Assim que nascemos o
nosso choro é calado com a barriga cheia. E isso fica no inconsciente.
Mas nessa geração da beleza
relacionada à magreza, ceder ao prazer de comer é uma atitude que chega a ser
condenável. Para atingir o corpo ideal você deve passar fome e comer matinho. É
o sacrifício que se paga para ser linda (padrão de beleza em voga). Além de
passar fome e comer matinho você é obrigada a ver todos os seus amigos comendo,
porque ninguém entende quando você fala: não vou comer isso porque estou de dieta.
Sempre dizem: só um pouquinho não engorda não. Mas e a tortura de comer só um
pouquinho? É difícil se controlar. E pior ainda: quando te chamam para um
lanche ou algo do tipo, e você diz que não vai, aí a pessoa fica com raiva e diz: você deveria me fazer companhia pelo menos, cadê a sua força de
vontade?
Dieta é uma coisa extremamente
vinculada à força de vontade (termo esse que nunca entendi bem o sentido), e a
uma disciplina tão rígida que você chega a se questionar se o resultado vale
mesmo o esforço. Há aqueles que dizem que o melhor caminho é o da reeducação
alimentar. Mas só de ouvir esse termo dá um desespero em pensar que vai comer
essas coisinhas saudáveis para o resto da vida. Pô, e a minha coxinha? E meu
sanduíche do Mc Donalds? Sério, e daí se eu fui bombardeada a vida inteira com
mensagens subliminares e tudo o mais? Tarde demais, eu quero minha batatinha!
Força de vontade é uma coisa que
a gente tem que economizar. Não é coisa pra ficar gastando à toa não. Não é uma
força que quanto mais você exercita mais ela cresce. Pelo contrário, é um turbo
de jogo de luta de videogame, você tem que usar com estratégia. Ela pode
crescer de novo, mas antes que isso aconteça você já enfiou a cara inteira em
um bolo de chocolate. E depois vem a culpa, a angústia de ter sido fraco. Mas não,
que culpa temos em gostar de comer? Essa é a primeira coisa que tem que ir
embora para que a alimentação saudável seja sustentável.
Porque querendo ou não um dia
aparece sim aquele confronto com a realidade: e a minha saúde? E meu corpo? Sou
fútil em pensar na aparência? Ou sou desleixada em não ligar para isso? Isso é
um conflito eterno.
Demorou, mas eu finalmente entendi
o sentido de se ter uma alimentação e hábitos de vida saudáveis. Não adianta
tentar lavagem cerebral nas pessoas e dizer que isso é questão de saúde, quando
há uma área no inconsciente que acha que a gente é imortal. Enfim, porque dessa
vez é diferente para mim, já que eu disse que estou eternamente nesses ciclos
de conscientização e relaxamento total? A diferença é que eu entendi a grande questão,
que é: precisamos aguentar os baques da vida!
Quando comecei a trabalhar, o meu
ritmo de vida acelerou tanto que eu não estava aguentando. Chegava em casa com
dores e com olheiras, muitas vezes até desidratada. Quando estabeleci um estilo
de vida mais saudável, eu dobrei minha disposição e energia e comecei a
produzir muito mais. Minha jornada diária nem termina aí, consigo
tranquilamente estudar e me dedicar a outras atividades. Tudo isso porque
assumi o controle dos meus hábitos e a responsabilidade vinculada a eles. Isso é
o mais importante. Comer de forma desordenada atrapalha muito, e te “livra” de
uma responsabilidade que na verdade você está se enganando em não assumir. Voltando
àquilo que disse sobre o fato de levantar, abrir a geladeira, pensar no que vai
comer, isso tem que sumir. É preciso saber exatamente o que vai comer, e
assumir essa responsabilidade. Fazendo disso um hábito, facilita na hora de
tomar decisões, e os sacrifícios vão ficando cada vez menores.
E somente após ter isso em mente,
podemos assumir outros passos que é começar a realmente gostar daquilo que está
comendo, do matinho e tudo mais. Você começa a inventar novas formas de comer
matinho. E os resultados são diários! Metas são importantes, precisamos sim de
resultados instantâneos. Mas sejamos realistas: pequenos resultados
instantâneos, que são uma grande vitória. Não adianta querer perder 10 quilos
em uma semana e gastar todos os seus esforços de uma única vez. Como eu falei,
está gastando força de vontade sem estratégia.
Outra coisa que ajuda é entender
um pouco de nutrientes. Você começa a pensar que tem coisas que nem vale a pena
comer. E quando eu digo isso eu não estou falando da sua comida preferida. Se tal
coisa é sua comida preferida, é você que vai estabelecer se vale a pena comer
ou não, você é quem sabe o tamanho da sua vontade. Um exemplo: refrigerante. Eu sou a melhor pessoa para se falar sobre
isso porque não tenho nenhum tipo de hipocrisia ao falar sobre refrigerante. Isso
se deve ao fato de que eu ADORO refrigerante. Questão de bolhas e tal. Mas enfim,
é uma coisa que eu particularmente só tomo sem açúcar. Sim, eu sei que também
faz mal e tudo o mais. Mas em nível nutricional, um copo de coca cola não
acrescenta em nada, a não ser o fato de uma bomba de açúcar que
instantaneamente é absorvida pelo seu organismo. E não vai nem matar sua sede,
você vai acabar tendo que beber mais, e nem é tão prazeroso assim, pra pessoa
ficar se deliciando com isso. É uma coisa pra você tomar e pronto. No caso de
uma cheesecake de goiaba, não, você fica ali aproveitando aquele nirvana em
forma de sobremesa, e querendo ou não tem alguns nutrientes sim. Claro que
quando você tem uma meta, você quer cumpri-la o mais rápido possível, e mesmo
sabendo que é uma coisa a longo prazo, você tem que se privar de algumas coisas
do dia a dia sim. E é aí que você vai usar a sua força de vontade, de pouquinho
em pouquinho. E eventualmente vai comer comidas mais calóricas, e tão
prazerosas. E sem culpa, porque comer é muito bom! E não tem que ser de outra
forma.
E aí vai chegar o dia (espero
muito mesmo que esse dia chegue para todos nós!) em que não é preciso se
preocupar com o “não comer”, e não porque vamos comer descontroladamente e aproveitar o crédito que conquistamos, e sim
porque o controle será algo natural. E não um estado de vigilância 24 horas por
dia.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Goodbye, spring!
- É lindo o seu jeito de dizer o seu nome!
- Como assim? É normal. – ela disse estranhando a
constatação.
- Não, parece uma menina de cinco anos quando diz o seu
nome.
- Deixa de ser besta! – disse ela, rindo.
- Deixo não esse ser besta! – ele disse, enquanto a
abraçava.
- Já deixou...
- Não deixei, estou aqui, não estou?
- É, está. – ela admitiu cabisbaixa. – Mas... amanhã não
estará.
- É só uma coisa que eu tenho que fazer por mim.
- Eu sei. Mas você sabe que eu te seguiria aonde você fosse,
né? – confessou ela.
- Por que nunca me disse isso antes? – ele indagou surpreso.
- Eu queria que você fosse livre pra tomar sua decisão.
- Mas isso poderia me impedir, talvez fosse diferente.
Talvez fosse. Mas ela achava que deixar as pessoas livres
era uma prova de amor. E essa era sua última prova de amor. Um adeus.
sábado, 19 de janeiro de 2013
Let it be, words of wisdom
A partir do momento que você
aceita uma coisa, entender deixa de ser prioridade. Nesse mundo onde o normal é
ser egoísta, entender as pessoas chega a ser um ato de bondade. E eu sempre
tento entender e até defender quem me faz mal, mas isso é muito exaustivo. Às vezes
eu queria ser uma daquelas pessoas que não estão muito preocupadas com o que as
pessoas pensam, e que a vontade e os desejos delas sempre sobressaem. Mas eu
estou preocupada demais com todo mundo, e não porque me sinto insegura, na
verdade estou preocupada com a insegurança das pessoas, e seus motivos para
agirem como agem.
Sempre achei que a partir do
momento que você entende o porquê de alguém agir de determinada forma, você fica
mais tranquilo em relação a isso. Mas isso pode se tornar uma tarefa em que
você está testando muito mais a sua própria tolerância do que realmente
entendendo os outros. E chega uma hora que entender ou não, não muda os fatos, e
não muda em nada o resultado final. Então, como diria a minha avó, o que não
tem remédio, remediado está. É difícil aceitar. Mas é libertador.
Acho que a coisa mais difícil de
se libertar é de sentimentos. Nós criamos tanto apego a um sentimento por
alguém, por exemplo, que muitas vezes surgem até dúvidas se gostamos
verdadeiramente ou não dessa pessoa, mas não queremos deixar de gostar, e
acabamos por alimentar ainda mais uma coisa que talvez devêssemos aproveitar para
cair fora. E devido a esse apego eu sempre tento ver a situação pelo lado de
fora (como se isso fosse possível) e acabo ficando triste. Porque o que me
deixa mais triste das minhas histórias tristes, não é minha tristeza em si. Eu supero
bem essas coisas. Aliás, sou capaz de aguentar tanta coisa que ninguém imagina.
Talvez eu passe uma imagem de frágil, mas isso é mesmo um engano. O que me
deixa triste de verdade é a dó que eu tenho dos meus sentimentos. Eu acho que
eu tenho desperdiçado sentimentos nobres, de entrega e cuidado, com pessoas que
os desvirtuam completamente. E isso é muito triste. E é muito triste aceitar
que tem pessoas que não merecem nossa devoção. E não porque não merecem devoção
alguma (lá vou eu tentar justificar essas pessoas novamente), mas porque não se
sentem honradas por isso. Porque para elas, tanto faz. E aí eu meio que isolo o
sentimento da história, e fico pensando: como pode alguém não dar valor a isso?
Acontece que não é só o mundo que
está dando voltas. Nós estamos girando, e girando e girando sem perceber. E quando
vemos, estamos repetindo as mesmas coisas de sempre, e a mesma história
acontece várias e várias vezes. É muito difícil tomar algo por definitivo nessa
vida. E é por isso que nos importamos com muita coisa sem necessidade, e nos
apegamos a coisas que não nos fazem bem. Mas como diz Caetano Veloso, “o
tempo é compositor de destinos”. E o tempo se encarrega de fechar ciclos. É só
esperar e aceitar. Então podem acontecer coisas no nosso caminho que a princípio nos
arrependemos, mas aí nos lembramos de que não tem como se arrepender de uma coisa que
foi determinante para fechar algum ciclo na sua história. Devemos aceitar que há coisas que fogem ao nosso controle. São
responsabilidades do tempo.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Estante de sinapses
Escrever é colecionar ideias. É isso
que eu venho fazendo. Sinto que não posso desperdiçar uma única ideia, pois
cada ideia é como uma semente, e quando você planta, vários galhos e folhas vão
surgindo, e a ideia é deixar livre, não se preocupar com as dimensões tomadas,
mas uma hora acaba dando frutos. E é muito satisfatório quando são bons frutos,
mas o objetivo principal não é esse. Pelo menos no meu caso atualmente. Não acho
que escrevo tão bem assim, nem tão mal. Não quero tentar convencer ninguém de
nada, gostaria até de deixar mais confuso. Mas o fato de arquivar pensamentos
me fascina. Morro de medo de me esquecer de tudo que eu penso e sinto durante
as fases da minha vida. A maior parte dos pensamentos não chega nem a ser
consciente, e aí é que eles já começam a serem perdidos. Mas eu faço o máximo
que posso.
Meu objetivo é refletir e não
encontrar as respostas. Quem tem resposta pronta para tudo é no mínimo chato. Por
exemplo, eu sempre entro em crise existencial quando me perguntam o que eu
gosto de fazer, ouvir, ou qual meu tipo de filme preferido. As pessoas esperam
que você responda: eu gosto de dançar, ouço jazz e adoro filmes de terror.
Simples. Mas eu nunca tenho respostas prontas e acabo parecendo uma boba.
Quando as pessoas me fazem esse tipo de pergunta, eu paro para pensar, reflito,
e sou capaz de falar horas sobre isso, mas não tenho uma resposta automática. Enquanto
isso a pessoa com cara de paisagem olhando pra minha cara e esperando uma
resposta breve e não uma dissertação sobre como me sinto ao escutar cada estilo
musical. Então prefiro me passar por boba e dizer: gosto de tudo um pouco mesmo, como
quem nem sabe o que está dizendo.
E parando agora pra
pensar... Eu nunca faço esse tipo de
pergunta pras pessoas. Porque, sinceramente, isso realmente importa? As pessoas
são muito mais que preferências banais. Pessoas são misturas de pensamentos e
atitudes. E a vida é a arte de dosar essas duas coisas. Talvez a minha vida fique
muito mais em pensamento do que realmente atitudes. Mas eu gosto de pensar
muito e são tantas possibilidades que é difícil passar para o plano da ação. Quem
pensa muito geralmente é indeciso. Mas não gosto de condenar ninguém por nada. Gosto
de incentivar as pessoas a se descobrirem e se aceitarem. Isso é que me move a
escrever, pois para mim o mais bonito da vida é a diversidade e o fato que
tudo, mas absolutamente tudo mesmo, pode ser poético.
Vou defender eternamente o
direito de cada um pensar o que quiser e como quiser. Principalmente quando o
fazem por paixão. Talvez eu seja meio imatura de me meter em discussões que não
vão levar a nada, compro brigas que não são minhas, e defendo pessoas que nem
conheço. Ou talvez eu seja apenas teimosa. Mas essa é uma causa na qual me
engajo exaustivamente. E essa é uma atitude que eu devo às minhas ideias.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Protótipos de amor em cápsulas
Num futuro não muito distante, um
senhor já de idade se prepara para abrir sua cápsula do tempo. Já é hora, ele
pensa. Ou então morrerá sem provar dos encantos que ele guardou. Vê, nessa
época isso é uma coisa muito comum, e as cápsulas do tempo são muito espaçosas.
Cabe tudo que você quiser colocar. Cabe todos os seus sonhos. Todos os seus
amores. E foi isso que esse senhor colocou. Um amor. E com ele, todas as suas
esperanças e sonhos de outrora.
Quando ele era mais jovem, ele
tinha um amor tão delicado, tão puro, que ele resolveu guardar. E então ele
guardou. E quem guarda não esconde. Quem guarda não perde de vista. Então ele
guardou ali mesmo, tão junto, tão perto, apenas um vidro o separava de ter o
seu amor nos seus braços. Tantas vezes ele se aproximou ofegante, deixando o
vidro embaçado. Estava muito perto e ao mesmo tempo muito inatingível. As
pessoas tentavam se aproximar e ele as afastava. A cápsula tanto impedia que
ele chegasse perto, quanto a outras pessoas que passavam e se interessavam. Olhavam
a vitrine e diziam:
- Que lindo! É seu?
- Não, não é meu. E nem é lindo.
É estranho.
- Então posso pegar para mim?
- Não sei por que você poderia
querer uma coisa dessas.
- É verdade, obrigado.
- Disponha.
Ele repetia tanto isso que chegava
a acreditar. É, talvez seja muito estranho mesmo, ele pensava. Mas essas cápsulas
eram ultra modernas, ele sabia disso. Elas modificavam o conteúdo de acordo com
os seus desejos. Mais reto, mais curvo, pontiagudo, arredondado nas quinas,
alongado. Agora deve estar como eu quero, ele pensou enquanto se aproximava
para abrir a cápsula.
Ele, durante a juventude, contava
tudo para o seu amor através do vidro. Todos os dias ele sentava na frente da
vitrine e ficava contando sobre todas as suas conquistas. E seu amor só
escutava, nada podia fazer, pois estava preso à cápsula. Mal via a hora de sair
para estar perto dele, mas todos os dias o senhor se aproximava e contava que
estava perto de outras pessoas agora, vivendo outros tipos de romances, mas que
um dia estaria perto do seu amor. Agora não podia, o amor ainda precisava
de adaptações. E seu amor entendeu.
E quando chegou o grande dia, ele
finalmente abriu a cápsula. Mas para sua infeliz surpresa, seu amor estava
completamente deformado, agonizando quase morto. Acontece que ele desejou tanto
que o amor se moldasse ao que ele queria que com o tempo, foi isso que
aconteceu. E aos seus olhos estaria perfeito. Mas ele demorou tanto tempo parar
abrir a cápsula, que o amor continuou sendo modificado até que ficou
desfigurado, já quase nem respirava. Além disso, a atmosfera do futuro era
diferente e seus pulmões não estavam adaptados.
O senhor, em prantos, pensou “só
queria meu amor como ele era antes!”. E enquanto isso, ele tentava se aproximar
para ouvir os últimos murmúrios que saíam daquele corpo anômalo...
“Sempre te amei”
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Cap ou pas cap?
Fingir que não gosta de alguém é
algo muito infantil. Eu me lembro de que essa era a minha principal estratégia
para conquistar alguém na pré-escola. Coisa que nem nessa época era bem
sucedida. Mas a gente cresce e descobre que apesar de nos acharmos super
maduros, ainda continuamos fazendo uso desse método primitivo.
Uma vez vestido esse disfarce, a
complicação começa. Não tem volta. Não dá pra simplesmente dizer o que pensa
depois de ser sido tão infantil por tanto tempo. Melhor jogar esse jogo que
quem vence é quem finge melhor. Mas há uma advertência: quanto mais se esconde,
mais lúdico se torna e quanto mais lúdico, maior a tensão. E as consequências são
devastadoras. Quanto maior a cumplicidade, maiores renúncias. Quanto mais claro o
sentimento, maiores desafios.
Acontece que esse é um jogo muito
difícil de se ganhar, pois desejo é uma coisa muito traiçoeira. Ele precisa de
vazão, e você não der, ele sai por onde você menos esperar.
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